Por que escrevo?

Há os que escrevem livros que os imortalizam; outros escrevem diários que são esquecidos, como as memórias olvidadas no recôndito da consciência. Alguns escrevem por prazer, outros pela obrigação curricular – a pressão do Lattes! Uns se dirigem aos leitores imaginários, outros querem apenas aumentar a folha corrida. Não faço julgamento moral, pois somos pressionados pela competição e a ideologia produtivista. Mas não é preciso agir à maneira faustiana dos que vendem a alma pelas conquistas materiais e títulos que não os acompanharão ao fim inexorável.

Há os escritores elitistas que se imaginam gênios em suas torres de marfim; pensam encarnar a verdade e o mundo se reduz ao próprio umbigo. Escrevem como se a realidade, o mundo material, não existisse, mas apenas os conceitos, as categorias universais, o mundo do intelecto. Outros evitam escrever artigos, pois os consideram efêmeros e supõem que os livros eternizam.

Há, ainda, os maquiavéis modernos que escrevem como conselheiros do príncipe de plantão, na ilusão de que este, ou quem sabe os seus assessores mais próximos, o leiam. Alguns escrevem palavras que anunciam utopias; discursos, muitas vezes, encharcados de um dogmatismo intolerante, próprio dos que querem salvar o mundo e as almas, não importa qual o meio. Almejam transformar o mundo, mas são prisioneiros dos dogmas.

Para mim, escrever é um estímulo à leitura e à dúvida permanente; é um momento para organizar o pensamento e dialogar com os autores que leio. Ler e escrever é recompensador pela descoberta incessante de que as certezas não são eternas e que as incertezas alimentam a mente, na medida em que nos inspira a percorrer outros caminhos, a perguntar-se e buscar respostas que geram outras dúvidas e assim por diante… Escrever é também se expor, arriscar-se.

Como afirmei em outro momento [1], escrever é conversar consigo mesmo e com os outros; é organizar ideias e abrir a mente ao diálogo com o “feito”, o “falado” e o que os olhos e os ouvidos nos transmitem. Devemos estar abertos a aprender com a própria experiência. Escrever sobre o que lemos, ouvimos e vivemos, é também uma forma de aprofundar este aprendizado. Esta disposição ao diálogo, a aprender com o mundo e os que vivem no mundo, é fundamental a quem se propõe a ensinar. O educador precisa ser educado e este processo é permanente.

Confesso, porém, que me alegra saber que há leitores interessados no que escrevo. E sempre vale a pena, ainda que sejam poucos. Não espero a imortalidade através da escrita, mas me sinto bem ao saber que o meu esforço para ler e escrever pode contribuir para despertar o interesse deste ou daquele jovem estudante, das minhas filhas e de muitos que conheço apenas por email. E, no final das contas, a imortalidade é uma ilusão, já que, de qualquer forma, estarei morto.

Não escrevo com a pretensão de transformar o mundo através das palavras; estas só são eficazes quando materializadas em força política – e não milito em partidos nem me sinto na obrigação de reverenciar grupos políticos. Não pretendo fazer a cabeça de ninguém. É suficiente que a leitura e a escrita me transforme. Então, poderei aprender a ser melhor enquanto indivíduo que atua na sociedade, como pai, professor, etc. Se me aperfeiçoo ao ler e escrever, isto também influencia o cotidiano e o meu modo de ser e viver. Assim posso contribuir mais e melhor com os que convivo. E isso também me ensina que sempre há algo a aprender…

Assumo, por fim, que sou apaixonado pelas palavras. E estas não são neutras, estão carregados de sentidos políticos. Talvez este seja o mistério que envolve escritor e leitor. Só me resta agradecer a você por dedicar o seu precioso tempo a ler este blog.


[1] Ver Por que um Blog?, disponível em https://antoniozai.wordpress.com/2007/05/27/por-que-um-blog/

22 comentários sobre “Por que escrevo?

  1. Seus escritos sempre me alcançam com muita intensidade. E como alguém que partilha dessa vontade/necessidade de escrever, esse seu escrito foi muito marcante. Obrigado.

    Curtir

  2. “sou apaixonado pelas palavras”
    O velho e bom prazer da literatura!
    A questão é: ler e escrever consome tempo, exige paciência e demanda muita sensibilidade. E, muitas vezes, a recompensa demora muito a chegar, se é que se pode dizer que há uma recompensa, partindo do conceito literal da palavra. Acho que é talvez a busca incessante por essa recompensa específica que acaba deturpando a literatura e a escrita, ou, ainda pior, estimulando a produção de páginas e páginas cheias de caracteres vazios.
    Bom, parabenizo-o pelo post genial!
    E fico feliz em saber que, infelizmente não dentro do meu bloco, mas no bloco ao lado há um genuino amante das palavras!

    Curtir

  3. E digo que suas leituras me instigam a procurar organizar os meus pensamentos e a escrever também. Acho que nesses contatos q as pessoas tem por aí, muita coisa nova e interessante pode ser criada e tentada.

    Obrigado!

    Curtir

  4. Caro Ozaí, muito bonito o texto. Porém, destaco o parágrafo final, no qual você destaca o poder ideológico das palavras. Às vezes, pregramos algo que nem notamos!

    Gostaria de aproveitar esse comentário para enaltecer as palavras do meu xará, Pedro. Realemnte, falta uma cultura da leitura. Na verdade, hoje quem expõe conhecimento é taxado de tecnicista ou inlectualóide. Acho que temos que lutar para provar que ler é cool!
    =)

    Curtir

  5. Hoje uma das boas palavras de ordem é sustentabilidade, e junto ela vem solidariedade, fraternidade, economia solidária e tantas outras formas de compaixáo. A vida passa a cada segundo, e segundo os karmáticos, retorna melhor ou pior dependendo do que investimos em nossa ação. Estou preferindo errar tentando salvar o mundo, que ficar certinho hedonísticamente desfrutando de algo que náo me pertence, mas que me chegou com o sacrifício de tantos, uns que conheço e outros que náo, e muitos que jamais conhecerei, mas foram responsáveis pelas minhas satisfações. Escrevo, mas me compadeço dos que sofrem sem necessidade, dos que clamam, como diz a Bíblia, por coisas que estáo alem de suas forças, muitas levando ao desespero. Tento ser responsável e igualmente tento seguir nosso herói Prof. Dr. Florestan Fernandes, o sociólogo militante, que sucumbiu por princípios. PODE HAVER A IMORTALIDADE, E A CIÊNCIA A CADA DIA DERRUBA UMA NOVA BARREIRA, a cada fração de segundo, na trajetória da Humanidade melhor. Escrevo, mas milito, marcialmente busco atenuar sofrimentos desnecessários, e mesmo suprimir as coisas que tornam necessário o sofrimento. É PRECISO SER SOLIDÁRIO, BUSCAR SENTIR A ENERGIA DAQUELES QUE TEM DORES CURÁVEIS, E MESMO OS QUE ACHAM QUE ESTÁO INCURÁVEIS, POIS SÓ ASSIM PENSO QUE A VIDA VALE A PENA. Um processo de gratidão pelo muito que tenho e que tento distribuir para o BEM COMUM, que tb é meu, para o PIF – Produto Interno de Felicidade(de autoria de um Prêmio Nobel), que surge qdo a sinergia é maior, e assim acho que durmo com a consciência mais tranquila de não ter abandonado ninguém no meu caminho. SHALOM

    Curtir

  6. Estimado Antonio, muy sensible e inteligente vuestra reflexión sobre la vida y la escritura en estos tiempos que hacen temblar el pensamiento contemporáneo. Yo te leo para conocer el mundo social actual pero tambien para perfeccionar mi manejo de la lengua portuguesa y encuentro las novedades y el placer del conocimiento. Me permito enviarte entonces una copia de la traducción que realizao para tu conocimiento y te adjunto una reflexión singular de una estudiante de Antropología sobre la problemática de las CCSS en San Marcos, Lima, Perú. Saludos. César Espinoza Claudio
    PD. Podrias precisarme el contenido del concepto de Lattes? Vale.

    Hay los que escriben libros que los inmortalizan; otros escriben diarios que son olvidados, como las memorias olvidadas en lo recóndito de la consciencia. Algunos escriben por placer, otros por la obligación curricular – la presión del [Lattes]! Unos se dirigen a los lectores imaginarios, otros quieren sólo aumentar la hoja corrida. No hago un juicio moral, pues estamos presionados por la competencia y la ideología productivista. Pero no es preciso actuar a la manera faustiana de los que venden el alma por las conquistas materiales y títulos que no los acompañarán al fin inexorable.

    Hay los escritores elitistas que se imaginan genios en sus torres de marfil; piensan encarnar la verdad y lo mundo se reduce a su propio ombligo. Escriben como si la realidad, el mundo material, no existiese, sino sólo los conceptos, las categorías universales, el mundo del intelecto. Otros evitan escribir artículos, pues los consideran efímeros y suponen que los libros lo eternizan.

    Hay, todavía, los maquiavelos modernos que escriben como consejeros del príncipe de turno, en la ilusión de que este, o quien sabe sus asesores más próximos, lo lean. Algunos escriben palabras que anuncian utopías; discursos, muchas veces, encharcados de un dogmatismo intolerante, propio de los que quieren salvar el mundo y las almas, no importa cuál es el medio. Amenazan transformar el mundo, pero son prisioneros de los dogmas.

    Para mí, escribir es un estímulo a la lectura y a la duda permanente; es un momento para organizar el pensamiento y dialogar con los autores que leo. Leer y escribir es recompensador por el descubrimiento incesante de que las certezas no son eternas y que las incertidumbres alimentan la mente, en la medida en que nos inspira a recorrer otros caminos, a preguntarse y buscar respuestas que generan otras dudas y así por delante… Escribir es también exponerse, arriesgarse.

    Como afirmé en otro momento [1], escribir es conversar consigo mismo y con los otros; es organizar ideas y abrir la mente al diálogo con el “hecho”, el “habla” y lo que los ojos y los oídos nos transmiten. Debemos estar abiertos a aprender con la propia experiencia. Escribir sobre lo que leemos, oímos y vivimos, es también una forma de profundizar este aprendizaje. Esta disposición al diálogo, a aprender con el mundo y los que viven en el mundo, es fundamental a quien se propone a enseñar. El educador necesita ser educado y este proceso es permanente.

    Confieso, sin embargo, que me alegra saber que hay lectores interesados en lo que escribo. Y siempre vale la pena, aunque seamos pocos. No espero la inmortalidad a través de lo escrito, mas me siento bien al saber que mi esfuerzo para leer y escribir puede contribuir a despertar el interés de este o de aquel joven estudiante, de mis hijas y de muchos que conozco sólo por correo electrónico. Y, al final de las cuentas, la inmortalidad es una ilusión, ya que, de cualquier forma, estaré muerto.

    No escribo con la pretensión de transformar el mundo a través de las palabras; estas sólo son eficaces se materializan en una fuerza política – y no milito en partidos ni me siento en la obligación de reverenciar a los grupos políticos. No pretendo estar en la cabeza de nadie. Es suficiente que la lectura y la escritura me transformen. Entonces, podré aprender a ser mejor como un individuo que actúa en la sociedad, como padre, profesor, etc. Si me perfecciono al leer y escribir, esto también influencia lo cotidiano y mi modo de ser y de vivir. Así puedo contribuir más y mejor con los que convivo. Y esto también me enseña que siempre hay algo a aprender con ellos…

    Asumo, finalmente, que estoy enamorado de las palabras. Y estas no son neutras, están cargados de sentidos políticos. Quizás este sea el misterio que envuelve al escritor y al lector. Sólo me resta agradecer la usted por dedicar su precioso tiempo a leer este blog.

    000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000000

    Entrevista de la revista virtual de estudiantes de ciencias sociales “Inter-actuando” a la estudiante de antropología de San Marcos cuyo seudónimo es “Juana Huamán Cordoba”.

    El cuestionario de preguntas se le envió por email electrónico el 25 de julio, y obtuvimos respuesta por esa misma vía el 31 de julio de 2010.

    Pregunta: ¿Por qué has decidido esconder tu identidad?
    Respuesta: La respuesta es muy simple. Porque no veo condiciones de establecer un debate político abierto, ya que existen indicios de represalias de parte de algunos docentes, y mucha inmadurez política de mis compañeros estudiantes. ¿Para qué decir mi nombre? Considero que decir mi nombre real no es una necesidad, y mucho menos impedimento para la expresión de mis ideas, no es necesario mostrar mi ADN para debatir. En todo caso, me refugio en la idea de la representación, como en la película V de Vendetta y la mascara de Guy Fawkes. Un juego, aunque serio. De lo que se trata es de debatir ideas, que muestren fuerzas y corrientes de opinión.

    Pregunta: ¿Cuál es tu análisis de la situación actual de la facultad y la universidad?
    Respuesta: La cosa es complicada pues nos encontramos en momento de quiebre, al menos un quiebre respecto a lo que era San Marcos hasta los años ochenta y noventa. En los ochenta la cosa se debatía entre Sendero, la crisis económica y la izquierda Unida. En los noventa es clarísimo que el asunto de los estudiantes era enfrentarse al fujimorismo y las nefastas comisiones interventoras y militares. En ambos casos, era necesaria la política porque se jugaban otras cosas. ¿Y ahora qué? No hay proyecto, no hay partidos, y menos sentidos críticos de investigación. La política se ha reducido a una simple toma y daca entre profesores-caudillos que arman listas y que tienen como meta estratégica llegar a ser decanos o a lo mucho rectores, sin saber qué hacer una vez que llegan a sentarse en sus oficinas, todas feas por cierto. Y por otro lado, estudiantes-dirigentes que se dedican a jugar este juego, pero no con música propia sino al ritmo de la orquesta de los profesores-caudillos. Los estudiantes a los cuales llaman operadores, no son compositores, sino simples ejecutores, no crean, solo repiten, hacen cover.

    La Facultad de Sociales es una de las más golpeadas por esta transición. Aquí hemos vivido cosas realmente impensables hace unos años: acuerdos, pactos, alianzas, y traiciones entre profesores que solo los mueve el mero calculo oportunista de ganar elecciones, ocupar cargos, recibir y repartir prebendas y por supuesto actos de corrupción, pero ni siquiera corrupción grande, sino la menuda, casi como coimas de policía de tránsito, que dice mucho de lo trágico y patético de la crisis en que nos encontramos. Y la última coyuntura de las elecciones en la facultad demuestra los extremos a que puede llegar este tipo de arreglos. Yo decidí oponerme a la elección del profesor Waldemar Espinoza pues creo que su alianza política representa lo más retrogrado de la facultad (mira en antropología qué profesor nefasto lo apoyaba), pero también es justo decir que la alianza ganadora tampoco tiene brillos propios, no tiene cuadros nuevos y de futuro que soporten su trabajo. Pero sobretodo es una alianza débil, sin planes, y que ahora no saben qué hacer con la facultad. Pero al menos se le debe dar la duda del tiempo, porque en política el tiempo es la medida.
    Pregunta: ¿Tienes actualmente alguna afiliación política, militancia, agrupación?
    Respuesta: Provengo de una extraordinaria experiencia feminista que se crea en Sociales después de la salida de las comisiones interventoras. Y digo extraordinaria para lo que era San Marcos respecto a este tema: muy conservador, los marxistas-leninistas eran los peores, conservadores, reaccionarios. Tuvimos peleas terribles para posicionarnos, sobre todo con los compañeros de Historia que repetían las chácharas del finado profesor de historia Carlos Lazo, quien nos acusaba de pequeño burguesas, desviadas, lesbianas locas, machonas, posmodernas, lo peor del conservadurismo marxista-leninista. Hasta arrancaban nuestra publicidad de los muros, ocultaban nuestros pizarrones, era la época previa al facebook. Pero una vez organizadas, armamos muchas actividades, grupos, colectivos, publicaciones, mucho activismo. Debo reconocer que mi acercamiento al feminismo fue primero, como siempre, por un asunto personal, de descubrir un universo cultural que me fue prohibido en la familia y en el colegio religioso. Provengo de una familia muy conservadora, una típica familia de clase media conservadora que siempre votó a la derecha. Pero una vez que me acerco al feminismo me voy orientando rápidamente por sus corrientes de izquierda ya que me parecen las más coherentes, y específicamente con las propuestas de las feministas socialistas que pedían derechos y distribución. Me influyó mucho la lectura de Flora Tristán, de lo avanzada que fue pero también de las limitaciones obvias de su tiempo. Esta experiencia fue decisiva en mi formación y opciones de vida. Pero en mi lectura, la experiencia de los colectivos feministas en San Marcos se van agotando hace tres años por una sencilla razón: muchas iban terminando la carrera, otras nos ponemos a trabajar, y no tenemos la suficiente capacidad y perseverancia para formar nuevas compañeras y compañeros que tomen la posta.
    Y en ese camino me relaciono con compañeras y algunos docentes de Sociales que provienen de experiencias políticas más antiguas, digamos de los noventas, algunas de los ochentas, y me voy adentrando más fuertemente en los debates de la izquierda propiamente dicha, y me vuelvo una lectora voraz, diría casi obsesiva, de la historia de las distintas corrientes socialistas, hago una lectura muy personal de toda la experiencia socialista. Y entre discusiones y lecturas encuentro que el asunto de la ecología ha sido la gran debilidad del pensamiento y experiencia socialista, su talón de Aquiles, su zona oscura. Y algo que marcó intelectualmente mi autoformación fue cuando un profesor amigo de antropología me regaló el 2009 el libro de Joan Martinez Alier, “El ecologismo de los pobres”. Su lectura me emocionó muchísimo, pues con su lectura pude encontrar mayor sentido a mis propias búsquedas políticas e intelectuales, y desde entonces he orientado mi formación como antropóloga en esa dirección.

    Tuve un paso, felizmente muy fugaz, por el Partido Socialista de Javier Diez Canseco, pero me aburrió su burocratismo, su falta de ganas para hacer cosas novedosas, todo tenía que pasar por evaluación y comisiones (hasta lo espontáneo), y la Juventud del PS -donde quedé afiliada- estaba plagada de pequeños Lenin que me parecían de lo peor. Actualmente estoy afiliada a una organización política nueva “Tierra y Libertad”, pero debo aclarar que esta entrevista como mis comunicados anteriores lo hago a titulo personal. En “Tierra y Libertad” he encontrado un espacio de confluencia de intereses políticos diversos, un espacio nuevo que se construye con gente nueva, y existe un sentido de que esto tiene para tiempo, pero que debemos avanzar peleando coyuntura por coyuntura. En resumen, emocionalmente me considero una feminista de izquierda, socialista por vocación histórica, y ecologista por sentido de futuro. Siento que esta vez nos la jugamos todo, si no la luchamos en esa dirección estamos lejos de cualquier posibilidad de intervenir en el Perú y en el mundo. Si la ecología fue por mucho tiempo (y de cierta manera lo sigue siendo) el talón del Aquiles del socialismo, lo es más aun ahora para la reproducción del capitalismo: es su horror, su espanto, el factor negado, lo impronunciable, su limitación.
    Pregunta: ¿Cómo ves la relación de la universidad con la sociedad? ¿Aun es posible establecer relaciones y en qué dirección(es)?
    Respuesta: Esta es una pregunta clave, pero por sus limitaciones. Creo que la universidad peruana, y San Marcos en particular, ha perdido hace ya bastante tiempo sus relaciones reales con la sociedad, por una sencilla razón: no conocemos la sociedad realmente existente. ¿Qué relación pretendemos establecer sino sabemos de qué sociedad se trata? Yo propongo algo contundente al respecto. Que los estudiantes nos volquemos a la sociedad pero para conocerla, que salgamos de los muros (bueno, muros es un decir, casi una alegoría) de San Marcos y nos atrevamos a pensar de otra manera, pero desde la sociedad, desde el punto de vista de lo social. La universidad nos adormila. Al menos esta universidad. Con esto no quiero decir que no estudiemos, que no nos preparemos académicamente con aquellos/as profesores/as que aun les preocupa la cosa académica seria, que son los pocos, pero los hay. Yo sí leo antropología que se pretende seria, pero porque uno o dos profesores me orientan o me facilitan información, el resto es desierto. Pero mi punto es que los nuevos sentidos de la política están fuera de la universidad, no en las elecciones universitarias para decano o rector. Quedarnos en ello es nefasto y agobiante. Solo así le encontraremos sentido a nuestros estudios en CCSS y más aun en antropología. Por ejemplo, el CEAN es un desastre desde hace años, no tienen ideas ni propuestas, y ahora más se parece a un club de amiguitos de colegio.
    Yo creo que los estudiantes debemos viajar y conocer el país, hasta por un mínimo sentido de aventura y curiosidad, conocer sus gentes, paisajes, sus sabores, sonidos, colores, sus olores, plagarnos de diversidad, debemos romper conscientemente con nuestro sentido centralista, con nuestras autoreferencias consumistas e individualistas. Y no lo digo por vocación populista, ni romántica y mucho menos exotista. El Perú de ahora no está para nuevos capítulos de populismo o romanticismo antropológico. Lo digo más bien por un sentido de experiencia vital.
    Solo desde esas bases será posible que como estudiantes y comunidad universitaria nos acerquemos a la sociedad. Pero debo agregar que talvez esta idea de la relación entre un centro universitario (San Marcos) y la sociedad, puede que ya esté totalmente desfasada para los tiempos actuales, puede que ahora todo este mezclado, abigarrado, casi como una pintura barroca colonial.
    Pregunta: ¿Qué piensas de la relación de Sendero Luminoso con la universidad, y su actual presencia en San Marcos?
    Respuesta: Este es un tema delicado. Debo empezar manifestando mi total rechazo al senderismo, por todo lo que ha significado para la historia reciente del país, para el retroceso de las luchas democráticas del pueblo, por su dogmatismo, su ortodoxia, su discurso criminal y práctica asesina. Pero sobretodo recargo las tintas en la responsabilidad de su ideólogo-asesino que fue y es Abimael Guzmán. No haré aquí el recuento de sus crímenes y asesinatos hechos en nombre del pueblo, la crueldad y vesania con que lo hicieron. Sendero fue nefasto y retrogrado por donde se mire. Pero debo decir que fue un Sendero que apareció en el Perú, en nuestro sistema político, en nuestras universidades, en el propio campo de la izquierda, no eran de Marte o de Saturno. Y eso debe quedar muy claro en cualquier evaluación. ¿Cómo avanzó un dogmatismo asesino de ese tipo en el Perú? Esa es una pregunta parcialmente respondida en el Perú, y que nosotros como científicos sociales debemos comprometernos en responder. Diría que es una obligación académica e intelectual seguir avanzado en la respuesta, pues no solo responderemos acerca de qué fue y es Sendero, sino además sobre qué somos como sociedad.
    A lo que voy es que Sendero debe ser comprendido, no justificado, pero también combatido política e ideológicamente. Y su permanencia y avance en espacios como la universidad se debe a dos asuntos clásicos de la política moderna: la producción de discursos totalizantes, y la perseverancia. Lo primero lo proveyó el discurso marxista-leninista-maoísta-Pensamiento Gonzalo, que se repite y se reinventa luego del Acuerdo de Paz. Lo segundo, la perseverancia, es lógico: los senderistas son los únicos que se quedan en la universidad haciendo política de ese tipo día tras día: tienen disciplina, recursos, y no por casualidad se han quedado o han regresado a los comedores, las viviendas, en comités de lucha, frentes estudiantiles, grupos culturales de danza y música, allí se mueven como peces en el agua y remueven resentimientos y prejuicios que están a flor de piel en una país muy discriminador. Todo esto ocurre frente el repliegue absoluto de los partidos políticos de las universidades públicas, el constante desprecio del estado y las elites por la universidad pública, y la complicidad de autoridades y profesores que establecen pactos nefastos y clientelistas con Sendero para mantenerse en el poder universitario. Es un cuadro trágico, pero real.
    A Sendero no le interesó ni le interesa la universidad como institución de conocimiento, pero tampoco le importa a la tecnocracia neoliberal hegemónica. A los primeros, solo le servimos de caja de resonancia, como espacio de formación y captación de militantes. A lo segundos, solo les importamos como remedo de sistema democrático, de simple apariencia de una “educación pública para todos” pero en la práctica solo para pobres, y condenada hace décadas a la postración por su desinterés y abandono. Siempre he pensado que para las elites neoliberales, la universidad pública les significa el excedente y el costo inevitable que tienen que asumir para seguir manteniendo este remedo de sistema liberal, porque si fueran liberales de verdad, harían algo serio por la educación pública. En el modelo actual, la educación es excluyente, solo algunos se enganchan, la mayoría se jode.
    Ahora, el Sendero que apareció hace poco en San Marcos, creo que se debe más a una estrategia calculada que ha servido para fortalecerlos en la medida que se proyecta una imagen de presencia en la universidad, pero que no la tiene en lo absoluto. Yo creo que eso fue una provocación calculada, con consecuencias desfavorables para ellos en la coyuntura, pero favorables a su lógica de expansión en el mediano plazo. Los otros beneficiados de su aparición fueron también los sectores de derecha reaccionaria, los militaristas, los sectores conservadores pro-fascistas que pedían intervención policial y militar, sanciones, mano dura. Eso no me sorprende para nada. Y no me sorprende tampoco que en coyunturas como estas, los extremos se toquen: Sendero y los fujimoristas. Ambos sectores están por la amnistía, ambos tratan de llevar viento a su molino pero desde la matriz de la amnistía y la impunidad para sus respectivos caudillos, sus jefes supremos, el filósofo asesino del Acuerdo de Paz, y un expresidente corrupto y también asesino.
    Pregunta: ¿Cómo ven los estudiantes las ciencias sociales en San Marcos y sus estudios universitarios?
    Respuesta: Responderé en términos muy personales para no caer en la soberbia de hablar en nombre de todos los estudiantes. Para mi estudiar antropología en San Marcos es casi una opción de locura. Invierto mucho de mi tiempo en lograr una autoformación adecuada pues lo que me ofrece la facultad y mi escuela es muy limitado. Considero que en antropología hay pocos profesores, diría que tres, que valen la pena escuchar, aprender y charlar con ellos, son guías amables aunque muy directos, te prestan libros y te orientan en la medida que tengas algo pertinente que decirles. Sino te chotean. Como decía antes, el resto es como desierto sin agua, incluyendo a mis amigos estudiantes que andan preocupados la mayor parte de las veces por cosas sin sentido, al menos para mí. Yo me he volcado a aprender sobre antropología y ecología, leo mucho, todo lo que puedo, y pienso especializarme en un postgrado que tenga que ver con desarrollo ecológico y antropología, siempre desde la perspectiva del activismo progresista. No me veo en otro escenario profesional y académico que no sea el del compromiso social.
    Ahora voy terminando de aprender francés, pues la antropología francesa ha avanzado mucho sobre temas de ecología para la zona de la Amazonía y África central, y es formidable, aprendo mucho. Por el momento creo que ya tengo avanzado mi proyecto de tesis y estoy trabajando de asistente de investigación de un profesor de antropología, aunque sobre otro tema, quien además me enseña en conversaciones y con consejos de lectura, mucho de teoría antropológica pues los cursos que llevé en la escuela fueron muy limitados. El próximo año debo terminar la carrera. Pienso avanzar de inmediato con la tesis, y luego conseguir una beca para estudiar un doctorado en antropología. La política seguirá siendo para mí una gran pasión. Ser sanmarquina es mi otra pasión, y como toda pasión, tiene algo de irracional.

    Curtir

  7. Ozaí,

    Não tenha dúvida que há leitores interessados no que você escreve. Não tenho procuração para falar em nome de outros, mas poso dizer, em meu próprio nome, obrigado por nos brindar com os seus textos, especialmente aqueles que abordam a condição humana.

    Um abraço,

    Francisco Giovanni Vieira

    Curtir

  8. Incríveis e bastante providenciais suas reflexões sobre uma prática muitas vezes ignorada por alguns de nossos alunos.

    Como sempre muito bem colocadas, suas palavras nos deixam facilmente perceber que seus exercícios de leitura e escrita são, de fato, um “processo permanente” que espero, não se esgotem nunca. São pensamentos como esses que nos motivam, nos instigam e nos dão prazer nessa árdua caminhada que é a educação.

    Gostaria de expressar aqui meu desejo sincero de parabenizá-lo, por mais uma vez (e desta vez como nunca, talvez pelo tema apaixonante) dar-nos a oportunidade de “arriscar-se” conosco.
    Grande abraço!
    Nadyjanayra

    Curtir

  9. Antonio
    Bom dia
    Possívelmente a maioria dos brasileiros não tenha acesso a palavra escrita. Temos próximo a 15 milhões de analfabetos. A esses agregamos entre 30 e 45 milhões de analfabetos funcionais, os quais mal escrevem seus nomes e quanto muito leem e escrevem um pequeno bilhete. Observo que o habito da leitura passa ao largo em nosso país. O número de jornais impressos vem caindo. Na escola de meus filhos uma das reclamações dos Professores é que os alunos não leem, e veja, trata-se de escola privada.
    O problema parece (hipotese) não ser só de acesso, mas cultural. Temos muitas pessoas instruídas que não leem. “Menos da metade dos universitários brasileiros (42,8%), exerce alguma atividade acadêmica além das obrigatórias, 47,1% não lêem ou lêem no máximo dois livros por ano, excetuando os escolares, e 41,3% se informam mais pela televisão”. Quando passei pelos bancos escolares o esforço das Professoras sempre foi grande no sentido de que lessemos. Infelizmente o despertar dessa consciência nos parece distante, e como tu dissestes restanos contentar com a minoria que lê, torcendo para que essa não se disperse no deserto.
    Um abraço
    Pedro
    * Os Sindicatos livres existentes antes do Estado Novo tinham como atividade concreta a criação de Escolas Livres, Bibliotecas e salas de leitura, onde regularmente os trabalhadores frequentavam.

    Curtir

  10. realmente, como diz o “blog do Phil”, um texto admiravel, desses que vao avançando e se construindo, investigando e comentando as descobertas que partilham com o leitor. parabéns por mais uma reflexao de que participamos com prazer e proveito.
    sugiro posterior reflexao sobre a diferença entre o ato de ler e o ato de escrever, tema que me parece ser complementar a esta que acaba de ser feita.
    abraço da leitora.
    Regina

    Curtir

  11. Shalon Adonai! Meu amado escritor, sofreis por que não conheceis as Sagradas Escrituras, no caso de Jesus o sofrimento foi maior, mas continui a imitar o Cristo que existe dentro de nós. Eu também brinco de escrever, mas ainda outros falam que usamos palavras muito complicadas e defendemos pontos de vista, compicado como dar umas “palmadas”. Se agradamos bom tem gente que abre um sorriso, você também é meio louco, aconselho a ficar louco de uma vez, pois assim serás totalmente perdoado e assim reconhecido como aquele que conhece e joga com as palavras. HALLELUJAH.

    Curtir

  12. Meu caro Ozai!
    Eu tento encontar explicações para os motivos de ler todos os seus textos postados no blog, a mais ou menos dois anos, e não acho! Eu curso Enfermagem na UNIJUI-Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Aparentemente somos distantes em assuntos comuns, contudo, ler os textos me permitem observar com mais propriedade a dinâmica da sociedade e dos espaços onde convivo. É uma satisfação conversar contigo através dos textos. Um forte abraço!

    Curtir

  13. […] Com esse punhado de coisas, e com assuntos aleatórios quero deixar um grande abraço ao amigo Antônio Ozaí, que criou o texto mais incrível que tive o prazer de ler por estes tempos todos. Não deixem de ler também basta clicar. Blog do Ozaí – Por que escrevo? […]

    Curtir

  14. Neste momento ,exato e real,estou colocando em simples palavras no espaço que tenho como cantinho de reflexões, no hotmail.(espaço de Marcia) feliz com suas palavras porque, escrevo com simplicidade reflexões feitas diariamente,em casa no trabalho na rua , esperando o onibus ,vendo facebook. São palavras que surgem e sinto necessidade de exteriorizar,sem nenhuma pretensão,somente ler e refletir ,porque quando elas surgem na mente são rapidas e,lendo encontro minhas respostas. Esta é a maneira de aperfeiçoar-me. Simplesmente!! Como voce diz e gostei muito : ” A imortalidade é uma ilusão,porque de qualquer forma estarei morto.” Obrigada.

    Curtir

  15. Sabes, tenho que lhe ser sincero. Por vezes quando o leio, encontro em tuas palavras as minhas linhas guias. Encontro as leituras que devo fazer, ou mesmo a boa música que ouvirei durante a semana. Porém hoje, foi mais que isso. Encontrei a mais bela e sincera verdade sobre a escrita. Por vezes quando me questiono o mesmo, fico sem resposta. E fico feliz em não ter resposta, pois escrevo apenas para aliviar minh’alma. Por isto que quero hoje lhe parabenizar por este texto, que foi para mim, mais que especial. Essencial na minha vida de estudante de letras, escritor, ou simples e puro humano. Carregarei ele comigo, e para futuros alunos que terei.
    Um grande abraço, e obrigado.

    Curtir

Deixar mensagem para JoaoHebreu Cancelar resposta