Professor erra?!

pedagogia limaNestes dias, ao refletir sobre a práxis docente, recordei de uma das obras lidas na época do doutorado: Pedagogia: reprodução ou transformação, escrita por Lauro de Oliveira Lima.[1] O autor observa que, em suas origens, a pedagogia foi uma atividade desempenhada por escravos:

“Pedagogia é a atividade do pedagogo (país, paidós = criança; e agein = conduzir, em grego). O pedagogo, entre gregos, romanos e provavelmente muitos outros povos antigos, era o escravo que conduzia a criança de cerca de sete anos à escola (note-se que a palavra scholé, em grego, significa lazer, descanso, brincadeira, o que mostra que a intenção era fazer a criança conviver com as demais, aprender atividades – ginástica, música, dança etc. – que não podiam ser realizadas no lar por falta de companheiros em número suficiente). Dessa forma, o pedagogo constitui-se o mediador entre a família (o útero, o ninho) e a comunidade (a sociedade adulta)” (p. 12-13).[2]

Nossos ancestrais eram escravos. O reconhecimento dessa origem não indica a aceitação da condição de escravo, ainda que escravo moderno assalariado, mas contribui para a reflexão sobre o exercício da docência. Há quem se veja como Senhor, superior aos demais. Entre nós estabelece-se uma hierarquia fundada na meritocracia e consagrada por diferenças salariais abissais entre os diversos níveis da carreira docente. A arrogância titulada nem sempre reconhece a importância dos que exercem a docência na educação infantil, fundamental e no ensino médio. O preconceito entranhado na alma é um empecilho à humildade.

Somos assalariados, trabalhadores! Ou não?[3] Talvez o professor universitário não se veja assim, mas como uma espécie de elite cultural, acima da massa de ignorantes e também dos seus colegas professores que não tem título de doutorado e dos que estão na base do sistema educacional. Talvez! Contudo, mesmo entre os professores do ensino fundamental e médio talvez encontremos quem se recuse a reconhecer a sua condição social. Um amigo dirigente do maior sindicato de professores do Brasil, a APEOESP, me dizia outro dia da resistência de alguns colegas a serem chamados de trabalhadores, e chegam a corrigi-lo quando ele usa este termo. Na sociedade hierárquica sempre há alguém qualificado como inferior por quem está numa posição inferior a outro!

A arrogância faz par com o sentimento de superioridade. O ser superior tende a se considerar infalível. O discurso e prática professoral fundados na relação superior-inferior tem dificuldade de autocrítica. Não há espaço para a reflexão da práxis docente, pois o problema, a falha, etc., é imputada à incapacidade do outro. Nestas circunstâncias, o professor coloca-se acima de suspeita. Como escreve Lima:

“Se num hospital os doentes começarem a morrer sistematicamente, a primeira suspeita é que os médicos são incompetentes. Se o edifício ameaça ruir ou as barrancas da estrada deslizam, todos apontam o engenheiro que os construiu como responsável. Se as safras anuais não alcançam o nível de rendimento previsto, provavelmente os agrônomos não exerceram bem suas funções. Se a empresa vai à falência, é que tem mau administrador. Mas se os alunos não aprendem… se são reprovados em massa, é que o professor é rigoroso! … Em síntese, o professor é o único profissional acima de qualquer suspeita” (p. 39).

Se errar é humano, depende de quem erra! Mas o professor é humano – ainda que se imagine um semideus ou a própria divindade encarnada! Ele até pode esconder-se atrás do discurso ininteligível – pois quanto menos se faz entender, mas parece que é inteligente e os alunos o oposto. É possível que se ampare na instituição, a qual o legitima, ou na corporação dos pares, etc., mas ele é falível. No fundo nutre a auto-ilusão dos que se consideram superiores, mas não está imune ao julgamento dos que se fazem iguais a ele pela condição humana compartilhada!


[1] São Paulo: Brasiliense, 1982, 110p.

[2] As citações são da obra referida acima.

[3] A julgar pela constatação empírica e depoimentos de trabalhadores não docentes, parece que alguns titulados se veem como especialmente diferentes daqueles que exercem atividades manuais e/ou técnicas, ou seja, como não-trabalhadores, mas sim enquanto uma casta especial consagrada pela função titulada. Este é um dos fundamentos para a recusa da paridade nas eleições na universidade. Sugiro a leitura de “Lições da greve dos trabalhadores da UEM”, publicado em 12.09.2012.

17 comentários sobre “Professor erra?!

  1. O PROFESSOR ERRA QUANDO:

    1) ERRA o professor quando descumpre o “êthos docente”. Nosso professorado não tem um código de ética ou deontologia, tal como os médicos, psicólogos, etc. Também não possui uma OAB, para verificar seu preparo suficiente para exercer seu ofício. Mas o docente escolar -e universitário- deve cumprir com o “êthos docente” [gr.êthos  ética/sujeito e não éthos  moral/injunção do grupo social]. Francis IMBERT citando Aristóteles, se pergunta: “os professores são bastante impregnados de moral. SERÁ QUE POSSUEM UMA ÉTICA?” Ou seja, ERRA o professor orientado pelo moralismo religioso ou cientificista, quando deveria sustentar um êthos na prática docente.

    2) Antes de tudo ter atitude de respeito ao senso comum dos alunos, convicções religiosas e até sua condição de ignorante [não saber e não ter culpa de não saber] e de ignorante-apaixonado pelo não-saber. É imprescindível o professor ter habilidade (tato didático-pedagógico) para conduzir tais alunos à superação desta condição e desenvolver uma atitude para aprender os conhecimentos sistemáticos.
    Portanto, ERRA o professor que desrespeita o aluno ignorante; ERRA o professor que falta-lhe habilidade para ensinar, ERRA quando não desenvolve o tato didático-pedagógico; ERRA quando falta-lhe tolerância para com alunos mais resistentes ao conhecimento.

    3) ERRA o professor que usa da aula para fazer pregação religiosa e doutrinação política-ideológica. Este professor-panfletário confunde o palanque com o lugar de ensino, transmissão, formação para a pesquisa, e abertura para o debate. Não se trata de cobrar neutralidade docente, que não existe, mas de ele cumprir com o estabelecido pelo contrato com a escola ou curso universitário, cuja primazia é ensinar o que está disposto no currículo. [países com Cuba, o professor recebe um monitor do curso em sala, para observar se o currículo está sendo cumprido e se o método usado é aquele previamente decidido pelo sistema educacional cubano. No Brasil, a relação entre professor e aluno e o que ele ensina é uma caixa preta].

    4) ERRA o professor que usa da sala de aula para falar de sua pessoa, de sua vida pessoal e íntima. Ora, o professor deve colocar entre parêntesis sua PESSOA (paixões, dramas pessoais, preconceitos, religião pessoal, convicções, etc), para AUTORIZAR a PERSONA PROFISSIONAL, que ele assinou com a escola: ele deve somente ENSINAR OS CONTEÚDOS SISTEMÁTICOS, ou seguir a tradição de transmitir conhecimentos filosóficos ou científicos.

    ERRA o professor que ensina um conteúdo de modo raso, mecânico, sem contextualizar e sem sustentar dar sustentação cultural. O professor pensa que o que ensina automaticamente o aluno aprende. De cada 10 conteúdos, 7 não são aprendidos pelos alunos, porque: o professor foi muito rápido ou sofisticado na exposição; o professor não percebe os alunos mais lentos; ele não pede retorno aos alunos, demonstrando assim boa vontade para reexplicar o conteúdo; o professor é tão apaixonado por um determinado assunto (ou autor), que desconsidera ou omite outros pontos de vistas (e outros autores igual ou melhor); o professor não enxerga que existe alunos resistentes, desinteressados, e que até distorce o que ele ensina. Quanto menos a aula é cuidadosa, prudente, ‘personalizada’, menor é a aprendizagem. Quanto mais a aula é preparada “para além do conteúdo” e marcada “com estofo cultural apropriado” maior é a probabilidade de o aluno aprender e pensar por si próprio. Lembrando Tomas de Aquino, eu temo uma aula reta, panfletária, rasa, que impede os alunos darem retorno reflexivo e crítico. O aluno ‘passivo’ tende a captar o conteúdo de modo acrítico, mecânico, memorizador, que ele reproduz de modo estereotipado na prova, no trabalho ou no dia-a-dia. O resultado deste tipo de ensino ERRADO é o aluno doutrinado, dogmático, fundamentalista, incapaz de contextualização e avanço com estudo próprio, mas com tendência a atos fundados em estereotipias aprendidas ou fundadas como delírios. Geralmente são alunos vocacionados para serem discípulos. O professor ético fica triste com o resultado de seu trabalho e exclama: “Não foi assim que eu lhe ensinei”. Assim, o professor ético fica triste, porque errou ou porque o aluno erra pensando acertar.

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    • Gostei muito deste texto! Realmente ,esta faltando ênfase nos cursos de formação professoral em relação a ética e a (falta de ) postura profissional. Parabéns!

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      • MAIS UM SINTOMA QUANDO O PROFESSOR ERRA: Se não ministra aula. Quando enrola o tempo para fazer de conta de que dá aula. Quando falta sistematicamente, sem justificativa, deixando os alunos no vazio. E ainda o/a mesmo professor/a se arma de uma persona que inspira MEDO NOS ALUNOS, que dificilmente usam os canais competentes para cobrar o seu direito à ter aula.

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  2. O professor que era muito isso deve ao factor de nao preparar as suas licoes com antecedencia. O professor deve planificar e organizar os recursos didacticos que seram empregue d acordo com as caracteristicas especifica d desciplina e o desenvolvimento cognitivo ds seus alunos. Se nao articula isto vai errar muito porque o dominio d matera nao sera notorio, d referir que existe aluno com um certo conhecimento acerca dos conteudos este podem questionar muito ate que ponto o seu professor domina a aula fazendo errar muito o professor.

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    • Agostinho,

      bom dia.
      Obrigado por ler e comentar.
      Si, concordo com o seu comentário. Mas este é apenas mais um aspecto da práxis docente. Não se trata apenas de erros e acertos conteudistas.

      Abraços e tudo de bom

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  3. Um tema muito interessante, actualmente a educacao em paises em via de desenvolvento tem havido muitos debates acerca do baixo aproveitamento apresentado associado ao deficiente formacao. O erro do professor nao tem um peso nele devido a complexidade da educacao, porque a mesma parte dentro da familia ate a educacao institucionaliza. O erro do professor perante aos alunos e comprovado pelos os mesmo faz com perca a confianca e visto como quem nao sabe, tira o merito enfim uma serie d atributo.

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  4. Quando ministro aulas para o curso de pedagogia e debato questões como a socialização, sempre vejo despertar em mim a seguinte reflexão: “Como a responsabilidade do professor primário é grande, como é essencial para a formação do ser humano e da sociedade que o trabalho desse professor seja bem executado” (claro que não estou perdendo de vista o contexto precário do trabalho deste e jogando em suas costas toda a responsabilidade). Mas quando passamos a uma reflexão sobre o mercado de trabalho, a valorização, ou seja, quando passamos a refletir o professor primário enquanto trabalhador “é de dá desespero”, pois passamos a chegar o quanto não condiz a responsabilidade e importância deste com o contexto em que trabalha. Há muita desvalorização do professor primário de fato e não se restringi, embora isso seja muito importante, a questões de ordem salariais.
    Quanto a questão da hierarquia comentada no artigo, ela é um desses componentes de desvalorização que coloca o professor com maior nível de graduação e titulação como mais importante. Até que ponto realmente não colaboramos com essa hierarquia, nós quem? Tanto os que estão no grupo dos mais graduados, como os que estão no grupo dos menos graduados.

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  5. PROFESSOR ERRA MUITO OU POUCO,PORQUE NãO É DEUS.PIOR QUE ISSO É EDUARDO CAMPOS QUERENDO SER PRESIDENTE DESVIANDO VERBAS DO FUNDEB EM PERNAMBUCO,CONSTRUINDO ELEFANTES BRANCOS,MUNICIPALIZANDO ESCOLAS,TORRANDO DINHEIRO EM SHOWS DE PAUL McCARTNEY,PRIVATIZANDO HOSPITAIS,SEM FAZER CONCURSO PÚBLICO,SEM PAGAR O POVO(PIOR SALÁRIO DE PROF. DO BRASIL),SUPERFATURANDO TABLETS,ESTRADAS,…PIOR QUE DILMA,FIGUEIREDO,HITLER,MÉDICI,…FHC PERDE.SE VIRAR PRESIDENTE,O BRASIL VAI SE LASCAR.MARGARETH THATCHER DE TERNO.

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  6. Caro Raymundo,

    Concordo com suas observações; mas creio que elas foram apenas inspiradas no texto do Ozaí! O texto diz uma coisa ligeiramente diferente de sua observação. O que é ótimo, considerando que sua observação daria outro artigo, igualmente interessante.
    A universidade conserva traços de instituição medieval em pleno século XXI… Lembro-me de uma de nossas professoras da época do mestrado e sua emblemática resposta à pergunta de um amigo e colega da época: “Você sabe onde fica o banheiro aqui nesse andar?” “Eu sou professora aqui!” E a divertida réplica de meu colega: “Mas isso não a impede de saber onde fica o banheiro!”.
    Não são casos apenas individuais. Ainda que, entre nós e como o exemplo acima bem ilustra, alguns demonstrem acreditar bem mais em sua condição de “imortais” que outros. Daí, possivelmente, a dificuldade que muitos encontram em viver fora dos muros da universidade ou mesmo se aposentarem; muitas de suas crenças, principalmente a respeito de si mesmos, só poderiam ser sustentadas dentro dos limites dessas espécies de sucursais da Ilha da Fantasia.
    Como dizia, não são casos apenas individuais. Poucas instituições podem se dar ao luxo de se beneficiarem dos próprios erros. No caso da Universidade, toda e qualquer mazela interna pode ser atribuída à falta de verbas e/ou intenção do governo em privatizar/destruir a instituição. Quando esse é o caso e também quando esse não é caso. Como qualquer outra instituição (mas com óbvias vantagens sobre as demais), existem problemas seríssimos na Universidade: corrupção, mau uso do dinheiro público, “maquiagem” de resultados, etc. Se algo sai errado, se o HU não funciona bem, se o restaurante universitário não reabre, se professores não aparecem em sala de aula ou prédios com poucos anos de construção começam a cair aos pedaços, a resposta óbvia e aceita por toda a comunidade, interna e externa, é a de que na causa do problema está a falta de verba e “o descaso do governo para com a educação”. Os trabalhadores do serviço de limpeza urbana que passam correndo feito loucos atrás dos caminhões da coleta de lixo poderiam deixar metade do lixo para trás e alegarem que lhes falta condições para exercerem adequadamente suas funções. Ninguém acreditaria nisso. No caso da Universidade, todos acreditam. Como diria o personagem de “Alice no país das maravilhas”, “as palavras significam exatamente aquilo que eu quero que elas signifiquem, nem mais nem menos – é só uma questão de poder.”
    As origens do problema apontado pelo texto, se de fato o compreendi, encontra-se relacionada em grande medida ao modo como a própria instituição se define, das fantasias que constrói a respeito da excelência de todos os seus atos e, claro, das vantagens que boa parte de seus membros percebem em vestir tais fantasias, e acreditarem, com maior ou menor sinceridade, na imperiosa necessidade que todo o mundo civilizado tem de seus saberes.

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  7. Amei a matéria veiculada. Execelente o nível dos comentários .Todos refletiram o que penso. Parabéns ozair!

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  8. Antonio
    Boa noite
    Volta e meia retornamos ao assunto educação. Considero oportuno esse tema, tendo em vista as dificuldades que o Brasil tem em atingir patamares mais elevados na formação de seus estudantes, situação essa de há muito já vencida por outros países, com PIBs menores que o nosso e longe de ser a 6º economia do mundo. Nesse particular lembrando que esses além de salários melhores para os profissionais do fundamental, do médio e do técnico, tem a perspectiva de uma carreira no magistério, coisa totalmente inexistente no Brasil. Acho sinceramente que o primeiro passo é a valorização com a definição de um salário nacional de 20 horas. Em Caxias do Sul a média para 20 horas, (são quatro níveis) não deve ser inferior a R$ 3.000,00 brutos. Quem tem duas matrículas geralmente aufere algo próximo a R$ 5.000,00 mensais brutos, (sempre se levando em conta uma hipotética média). Mesmo assim é um salário baixo, considerados os constantes e crescentes desafios, sobremodo a insegurança das sala de aula. Temos alto índice de Professoras com laudo, em vista do esgotamento emocional. Os outros profissionais de nossa Prefeitura (onde se exige formação superior) tem salários iniciais bem acima, o que também é uma incoerência (extensiva a todo o Brasil), pois todos são profissionais com formação superior. Outro desafio esta em tornar a graduação nas Licenciaturas acessível – totalmente gratuita – a todos que se interessarem pelas docências, pois infelizmente temos milhares de cidadãos em sala de aula sem formação adequada ou mesmo sem formação alguma o que destoa totalmente com o propósito de melhorar a qualidade do ensino. As condições materiais das escolas merecem também um cuidado particular. Observasse que em alguns municípios sobraria dinheiro para se investir na estrutura predial e didática, somente que as verbas se perdem na burocracia e no excesso de cargos em comissão, entre outras mazelas. Há registro também, esse elevado, que o dinheiro do FUNDEB esta sofrendo o problema da apropriação indébita pelas municipalidades e consequentemente pura e simplesmente desaparecendo, deixando de ser utilizado diretamente na educação. Nossa medíocre visão é de que se existem cidades no Brasil que investem primeiro nas Professoras, com salários próximos ao minimo constitucional calculado pelo DIEESE; se existem Prefeituras que acompanham a formação dos profissionais, exigindo nos concursos a titulação compatível; na sequência propiciando a agregação de mais valores monetários com a formação superior, com a especialização, com o mestrado, o doutorado, etc.; se as crianças encontram na escola ambiente salubre, com merenda escolar equivalente a uma refeição saudável, banheiros limpos, água, luz, biblioteca e vendo tornar-se realidade no minimo a sala de informática com WEB de fluxo rápido, pode-se pensar em começar a ter uma educação de qualidade. Quanto a questão da “autoridade” de fato ela contribui para frenar todo e qualquer movimento mais consequente de conquista do binômio salário constitucional com qualidade no ensino. Certamente que superadas essas duas etapas, salário e qualidade, restarão ainda enormes e abissais dificuldades a serem administradas, não obstante ter-se-a ao menos a certeza de que é possível se ter educação acessível a todos.
    Cordialmente
    Pedro
    Caxias do Sul, 05 de agosto de 2013.

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  9. Enfim, alguem que tivesse coragem de sair do endeusamento da nossa categoria: professor/a. Ao longo de 27 anos exercidos como professora/ supervisora/ coordenadora/ orientadora educacional tenho presenciado momentos de muitos erros pedagógicos refletidos na forma autoritária de avaliar; na forma de não perceber os estudantres como seres diferenciados e com aprendizagem também diferenciada; nos complôs para expulsar os estudantes que não se adequam às suas aulas; nas inúmeras cópias de conteúdos com um único objetivo: calar os alunos/as. Na não aceitação de que as crianças, jovens e adultos contemporâneos requer uma educação diferenciada.
    Ressalto aqui, que por minha trajetória educacional já passaram inúmeros profissionais dedicados, compromissados e interessados na aprendizagem e sucesso escolar dos alunos, À esses louvores, aplausos e valorização já!.Mas, aos outros à porta de saída da educação deverão ser encaminhados… com urgência! Precisamos salvar a educação desses profissionais que erram e pior não querem mudar.

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  10. “Mas o professor é humano – ainda que se imagine um semideus ou a própria divindade encarnada!” (citação do texto acima). Constato que esta afirmação não procede, porque o professor hoje nada tem de “semideus”, porque na realidade ele caminha na contramão da divindade, e do direito a arrogância do saber.

    Primeiro, porque a sociedade não reconhece o trabalho docente e não o valoriza; segundo, porque trata-se de uma atividade tão estressante, que vem causando depressão e fobia escolar, causas de afastamento médico-psicológico de muitos professores do trabalho, dizem as pesquisas.

    CONCORDO com o Prof. Lauro de Oliveira Lima: assim como os médicos que erram, os engenheiros que erram, OS PROFESSORES TAMBÉM DEVEM ASSUMIR SEU ERRO DIDÁTICO E PEDAGÓGICO. Mas no Brasil, geralmente os professores -vide sindicato e agentes suspeitos- sempre TRANSFEREM a responsabilidade docente para o sistema educacional, para as políticas públicas de governo, para o Banco Mundial, para o neoliberalismo, e tantos outros vilões.

    NÃO É EXAGERADO DIZER QUE SER PROFESSOR NO BRASIL NA ESCOLA E UNIVERSIDADE PÚBLICA NINGUÉM COBRA EFICIÊNCIA E NÃO EXISTE MONITORAMENTO, COMO ACONTECE EM CUBA. Ora, AS PESQUISAS revelam que NOSSO PROFESSOR NÃO SABE “como ensinar”, embora possam saber o conteúdo programático. Ao contrário de países (Cuba, Finlândia, Coréia do Sul, etc) que inventem na capacitação do professores para aprender “como ensinar” matemática, “como ensinar” a língua materna, “como ensinar” as demais disciplinas. Principalmente na era da informática. Cá entre nós, Ozai, mesmo na universidade a maioria dos professores não sabem “como ensinar”, embora saibam “como pesquisar”, “orientar”. E que falar de uns 20% que odeiam ministrar aula? Ou que carecem de vocação para o magistério??

    Voltando ao erro: o erro pode ser humano, desde que o médico não deixe um instrumento cirúrgico na nossa barriga ou na barriga de nosso filho. Por que não pensar o mesmo do professor? Traduzindo: se ele deixa de ensinar o correto, nosso filho ficará defasado; se o professor erra ao ensinar um conteúdo para meu aluno, tenho direito de ficar irritado. Isso já aconteceu. E seu eu errar, o colega tem o direito de me corrigir (aliás, começa a acontecer entre nós colegas corrigir erros de português. Mas causa baita constrangimento). Lamento, mas sei (e você sabe) de casos de professores que cometem falha ao lado do erro: OMISSÃO DE CONTEÚDO. Por exemplo, omitir a filosofia de Nietzsche, para privilegiar Marx (lembra-se??); ou omitir revelar fracassos da clínica psicanalítica, para favorecer a imagem positiva dela. Portanto, é preciso ser PRUDENTE ao autorizar o professor errar, pq a vítima pode ser você, eu, nossos filhos, alunos…

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  11. Olá Ozaí, somos escravos e isso é também um poder, não! Onde está a arrogância de professor em se considerar acima do quê? Vai ver que do baixo salário. Ha, ha! Mas todos erramos, não. Outro dia no prédio, a sindica que é também professora de português, errou, falhou ao grafar “condomínio” quando era uma mensagem remetida “aos condôminos” do prédio. Expuseram o “erro” no próprio recado afixado no elevador. Eu imediatamente disse parece que querem assediar a sindica professora, que ficou tão nervosa e perceber a ofensa não sabia o que fazer. Disse isso é assédio moral, pois quer desestabilizá-la perante aos condôminos. Ninguém diz que professor é assediado, por exemplo, mas adoram apontar o erro, aliás isso é um erro em qualquer profissão e, até mesmo, com os alunos.

    abraços,

    Carolina Assis

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  12. Bom dia, Ozaí. Ótima reflexão acerca do trabalhador da educação. Eu sou professora de educação infantil, e sinto mesmo um certo “abismo psicológico” em relação a outros professores de maiores graus na escala dos níveis educacionais. Digo “abismo psicológico” porque penso que esse abismo na verdade, não existe e sim somente no pensamento e na vontade de alguns.Penso que ser professor(a) de educação infantil ou professor(a) do ensino superior pra mim tem o mesmo valor ou sentido, e até vou mais além, não desmerecendo o trabalho dos meus colegas doutores, o início da formação da educação de um ser humano é de uma tamanha responsabilidade que se não fizer bem feito e estiver muito bem preparado para esse trabalho, que é a base de uma boa educação, esse mesmo ser humano será afetado, talvez, pelo resto da vida. Portanto, a arrogância de alguns é puramente falta de reflexão sobre a importância de cada profissional nesta área, e até mesmo orgulho desnecessário. Um abraço.

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